“O que nos faz envelhecer? Stress, violência, pobreza e discriminação”
“O modo como envelhecemos, com mais ou menos cabelos brancos, rugas e doenças está relacionado com o comprimento das pontas protectoras dos nossos cromossomas: os telómeros. Surpreendentemente, a forma como lidamos com o stress e o ambiente social em que vivemos influenciam o tamanho dos nossos telómeros e, com eles, o número de anos de vida saudável que poderemos esperar.”
“O envelhecimento cronológico (o número de anos que passaram desde que nascemos) é diferente do envelhecimento biológico (o estado de envelhecimento que efectivamente as nossas células têm).”
“Há muitas pessoas que aos 50 anos gozam de uma excelente saúde. Mas há outras que nessa idade começam a sofrer com as doenças da velhice: problemas cardiovasculares e pulmonares, artrite, sistema imunitário enfraquecido, diabetes ou cancro. Têm tendência a surgir juntas e para muitos determinam o fim precoce da vida. Para outros a vida continua, limitada pela doença e pelo desconforto. O número de anos de vida saudável que temos é o nosso “intervalo de saúde”. Uma pessoa que viva até aos 100 poderá ter 50 ou 70 anos livre das doenças do envelhecimento (a diferença é grande). O restante é o “intervalo de doença”. O que a maioria de nós quer é ter muitos anos de vida saudável e não apenas prolongar a vida num estado de decrepitude.”
“A investigação científica tem vindo a demonstrar que o envelhecimento é um processo regulado pelos nossos genes. (…) Mas os processos de envelhecimento não são um destino traçado no momento em que cada um de nós foi concebido. Como Elizabeth Blackburn e Elissa Epel escrevem no seu livro: “Nascemos com um conjunto definido de genes, mas o modo como vivemos pode influenciar a forma como esses genes se expressam.” A nova ideia do envelhecimento é esta: em vez de apenas tratar cada uma das doenças relacionadas com envelhecimento, tentar travar o envelhecimento biológico.”
“Há várias abordagens anti-envelhecimento.”
“Para além do nosso tipo de resposta ao stress, que podemos tentar treinar, há também vários factores sociais que influenciam o tamanho dos nossos telómeros. Crescer em bairros pobres e violentos ou ser alvo frequente de bullying está associado com um comprimento menor de telómeros em crianças. O mesmo acontece em adultos que foram vítimas de maus tratos na infância ou sujeitos a vários tipos de adversidades (como desemprego dos pais ou doenças graves). A discriminação racial também pode acelerar o envelhecimento, assim como a violência doméstica. Isto significa que não só temos a capacidade de influenciar o tamanho dos nossos telómeros, mas também os dos outros. O que já fez pelos seus telómeros… e da sua família e da sua comunidade hoje?”
David Marçal, artigo completo em:
https://www.publico.pt/2018/06/03/ciencia/noticia/o-que-nos-faz-envelhecer-stress-violencia-pobreza-e-discriminacao-1825463